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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Varanasi



Parti uma vez mais cedo, ainda de noite! Quando sai ainda os monges dormiam e segui numa rickshaw que havia requesitado até à estação de comboios. Eram ainda 12 km! Cheguei a tempo e era o que interessava... uma vez mais os comboios estavam atrasados e tive de esperar quase 30 minutos até que o comboio lá aparecesse na linha 1. Entrei e procurei o meu lugar, estava ocupado! Nada de novo aqui na India... é sempre o mesmo, pergunto normalmente á pessoa que está no meu lugar onde é o meu lugar lol! As respostas são duas, ou que me enganei na carruagem ou indicam-me outro lugar que não tem nada a ver! Foi o que aconteceu neste caso... Ainda assim como já sei o que a casa gasta, costumo esperar pelo revisor e peço ajuda! Felizmente o revisor desta vez estava logo por ali e quando lhe peço ajuda o comboio entra em marcha! De repente diz ele: "This is not your train, this is not your train!!!" lol enfim vou logo pa porta e ainda antes de ele dizer ah e tal não pode saltar já tinha eu saltado... parecia um filme! Aviso não é nada fácil, de mochila as costas e chinelos, não me espetei por acaso... toda a gente a olhar lol! Eram 6H da manhã e o meu dia já ia assim. Com a ajuda da direcção de controlo da estação lá acabei por depois de mais 15 minutos apanhar o comboio certo!



Lá fora ia admirando a paisagem.




Até que o comboio pára e de repente uma família resolve fazer uma sessão fotográfica em troca de alguma coisa. Foi engraçado pois ambas as partes se divertiram! Aproveitei para distribuir alguns brinquedos que trazia comigo o que deixou ainda mais curiosos os pequenotes.








Constantemente ouvimos a palavra "Chai" dos vendedores ambulantes que transporteam esta bebida que resulta da mistura de chá e leite.



Acabei por chegar a Varanasi onde passei umas horas bem mais calmas do que da primeira vez.









Um pequeno reparo são estes ciclistas que transportam tudo, desde ferro a feno, até caldeiras como este caso! Não deve ser uma profissão nada fácil!



Mas a água do Ganges está poluida e não apetece a um banho.



Excepto para os miúdos que passam o dia na água suportando assim o calor que se sente por aqui.



Optei por fazer uma tour de barco e assim observar melhor a cidade.





Como já tinha dito Varanasi é a cidade mais religiosa de todo o Mundo e constamente são cremados corpos 24 horas num ritual intenso e chocante. Apesar de não se poder tirar fotos podemo-nos aproximar e observamos mesmo os corpos a arder. Não recomendável a pessoas sensíveis.



No rio podemos observar as pessoas que tomam banho.



E as que lavam a roupa.



Acabei por seguir para o aeroporto onde voltei a Delhi, e depois de uma calma espera na sala VVIP (lol deve ser duplo VIP) o avião até seguiu a horas, coisa rara por estas bandas.




Vou agora em busca das montanhas...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Bodhgaya (o caminho do Buda)



Depois de uma série de viagens e ainda com alguma energia procurei tentar conhecer e descobrir Varanasi. Chegado à parte antiga da cidade não é permitida a circulação de viaturas. Era o pânico... pensava eu que já tinha visto confusão... Varanasi era uma mistura de turistas, peregrinos, biciclietas e vacas! A verdadeira confusão tudo ao molho e fé em deus... Vamos muito bem na rua e de repente passa um morto ao nosso lado! lol

Varanasi é a cidade mais religiosa de todo o mundo. Desde cedo que os crentes iniciam as suas rezas dedicadas e apaixonadas.

Ainda assim as coisas pareciam não correr bem pois não conseguia quarto e enquanto caminhava carregado de malas ás costas tentava perceber se um miúdo que falava comigo queria dinheiro ou se estava realmente a ajudar-me. Acabei por não perceber mas pelo menos foi um belo guia... por entre ruelas foi ele que me safou um quarto! Varanasi é um labirinto de ruas e toda a gente acaba por se perder por tanto corredor semelhante. Ainda mais começou a chover e a luz faltou... Foi uma tarde perdida. O meu quarto era dos piores, sem janelas, no corredor e junto a uma casa de banho. Não podia ser pior (pelo menos foi barato) mas como estava tão cansado e apesar de ter de acordar de novo as 4H para apanhar de novo o comboio dormi que nem um anjinho.

Dia seguinte lá acordo eu para ir apanhar o meu comboio com destino a Gaya. Por entre o labirinto descobri que as 4H30 já andam por aqui uns a banhar-se no rio de volta das suas rezas! Isto é uma dedicação doentia devo dizer... Ainda assim segui o meu caminho até à estação. Segui viagem até Gaya onde depois apanhei um rickshaw que partilhei com Alexa uma america que havia conhecido.



Chegado a Bodhgaya resolvi instalar-me num mosteiro tibetano pois queria estar mais próximo da religião.



Saudações




Esta é a cidade onde Buda cresceu e atingiu o nirvana. Existe um conjunto de templos consoante a variação da religião mas com base em Buda.












O templo Mahabodhi, o principal, traz até esta vila centenas de crentes todos os dias.









À noite o templo ganhava mesmo outras cores.



E a Bodhi Tree a árvore onde Buda meditou e se sentiu iluminado.




Aqui encontra-se também a estátua do Buda com 25 metros de altura.





Bodhigaya insere-se no concelho mais pobre de toda a India e isso via-se e sentia-se nas ruas. Vejam por exemplo o refeitório da escola.



A casa de banho.



O cabeleireio.




Enfim o mercado é bastante simples tipico de uma região mais isolada.





Ainda assim senti-me na necessidade de fazer algo e de contribuir. Sendo assim depois de conversar com alguns miudos que me haviam dado boleia na sua bicicleta estavam a pedir dinheiro pois queriam comprar uma bola de futebol. Queriam jogar e não tinham bola! Achei que dar dinheiro não era a melhor solução mas uma bola ali era de facto demasiado cara! Lá cheguei a acordo com a bola de exposição e dei parte do dinheiro e o senhor da loja outra parte. Ao menos os miudos agora já podem jogar à bola.



Aqui é normal os miudos virem falar conosco segundo dizem que os professores pedem para falar com os estrangeiros para praticarem o inglês. Falei com um pequenote que queria que visitasse a sua escola. Não me era possível naquele momento mas no dia seguinte disse que passaria por lá. Antes disso fui à Internet para enviar uns mails e quando me venho embora sou abordado pelo dono do estabelecimento.



Afinal de contas percebeu que eu percebia de computadores e queria a minha ajuda. Tinha feito uma página e queria saber como coloca-la online. Lá o ajudei dentro do possível pois ele tinha uma situação pedende com a empresa de hospedagem do site. Ainda assim acabou por me dar boleia na sua mota até à escola que eu queria visitar (Eu, ele e o pai dele, três numa mota é normal aqui).

A escola Sujata Bal Niketan é privada e resulta da contribuição de pessoas de fora. Cada miúdo é patrocinado por alguém e pode ter desta forma acesso a uma melhor educação. Quis visitar a escola pois queria saber as condições em que estes miúdos aprendiam. Claro que mal entrei na escola fiquei rodeado de miudos e lá acabei por parar as classes todas. Antes de ir para a escola resolvi passar numa loja de livros queria levar alguma coisa mas não tinha nada preparado, achei que era mais o acto simbólico que outra coisa como tal lá num canto estava um livro de como aprender Português. Era perfeito! Assim foi, ofereci o livro à escola para que se um dia se algum miúdo quizesse aprender um pouco da nossa lingua o pudesse fazer. Por incrivel que pareça o professor até nem falava muito inglês e alguns miudos falavam melhor que ele. Ele pensava que eu tava ali para dar uma aula de português! LOL então achava que era melhor voltar amanhã cedo e falar com os mais crescidos. Infelizmente desta vez não podia ser mas quem sabe se num futuro!






E todos os miúdos que encontramos na rua estão sempre dispostos a tirar uma foto.




Aproveitei estar nesta zona para provar alguns dos pratos tibetanos.





Claro que não provei esta iguaria.



Mas no final acabei por me render a um crepe de banana.